Brasil registrou mais de 3 mil transplantes de rim até junho de 2024, segundo dados do RBT
Em todo o Brasil, ações são destinadas para a celebração do Setembro Verde, mês dedicado à conscientização da importância da doação de órgãos. Já o dia 27 de setembro é celebrado como o Dia Nacional da Doação de Órgãos. De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde do Governo Federal, o Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, e o Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país.
Até junho de 2024, o Brasil já registrou mais de 4,5 mil transplantes de órgãos sólidos e tecidos, sendo o rim o órgão mais doado, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT). A nefrologista da equipe de Transplante Renal do Hospital Universitário Ciências Médicas (HUCM), Dra. Maíra Carvalho, explica a importância do ato de doar um órgão: “A doação de órgãos pode dar uma nova chance a pacientes com doenças graves em situações irreversíveis, restaurando a esperança e promovendo qualidade de vida em alguns casos”.
O SUS tem uma certa demanda para a realização de transplantes. Mesmo assim, em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Governo Federal. Conforme a nefrologista do HUCM, atualmente o envelhecimento populacional e o aumento de doenças que levam à perda de funcionalidade de alguns órgãos, como hipertensão arterial e diabetes, contribuem para que haja um número de pacientes que precisam realizar um transplante de órgão.
Quem pode doar órgãos?
Segundo Dra. Maíra, existem dois tipos de doadores de órgãos: o vivo e o falecido. Em vida, um dos rins e parte do fígado, da medula e dos pulmões podem ser doados. “Para que seja realizada essa doação, é necessário seguir alguns critérios: maioridade, doação entre indivíduos aparentados (até 3º grau) ou cônjuge.”
Os potenciais doadores não vivos são os pacientes assistidos em UTIs com quadro de morte encefálica. De acordo com a nefrologista, podem ser obtidos desse tipo de doador: rins, coração, pulmões, pâncreas, fígado, intestino, córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. “Um mesmo doador pode beneficiar pacientes diferentes”, afirma. Segundo dados do RBT de 2023, 42% das possíveis doações são abortadas, principalmente pela recusa da família. “Vendo esses dados, é extremamente importante conversar, em vida, com os familiares caso haja a intenção de doar os órgãos.”
Em um serviço 100% dedicado ao SUS, nos últimos 10 anos, o Hospital Universitário Ciências Médicas já realizou mais de 800 transplantes de rim. Dra. Maíra explica que a instituição possui uma equipe especializada para a realização do procedimento: “No hospital, temos uma equipe dedicada para o transplante renal, o qual realizamos desde 2008 com doadores vivos”.
O paciente Geraldo Lúcio de Almeida, 52 anos, transplantado há mais de 2 décadas, faz acompanhamento pós-transplante de rim no HUCM há 4 anos, com a realização de exames de rotina para controle da saúde renal. “Eu sou muito grato ao hospital, principalmente pela equipe de Nefrologia que trabalha lá.” Geraldo também destaca como é importante se conscientizar sobre a doação de órgãos, o significado do ato e como isso mudou a vida dele. “Com certeza, as pessoas devem manter a cabeça aberta para isso e realmente entender como o ato de doar órgãos pode ser essencial para outras pessoas assim como foi para mim.”