
O Fevereiro Laranja é um mês dedicado à conscientização sobre a leucemia e à importância da doação de medula óssea. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2020 e 2022, o Brasil registrou cerca de 10.810 novos casos da doença. A leucemia é um tipo de câncer que afeta as células do sangue, que sofrem uma mutação capaz de alterar o funcionamento celular. A doença pode ser classificada como mieloide ou linfoide, tanto aguda quanto crônica.
A hematologista do Instituto de Oncologia Ciências Médicas de Minas Gerais (IONCM-MG), Dra. Júnia Nascimento, explica quais são os sintomas da leucemia. “Os sintomas variam uma vez que as células do sangue são atingidas. Pode surgir fadiga, fraqueza, sangramentos espontâneos, perda de peso e febre, podendo haver também um aumento dos linfonodos, fígado e baço.” A médica ainda explica que é possível relacionar o desenvolvimento da doença com as mutações genéticas ao longo da vida. “Eventualmente, pode também ter relação com alterações genéticas herdadas, comportamento ou hábitos da vida do paciente.”
Como a identificação precoce ajuda no prognóstico da doença
O direcionamento de suspeita da doença se inicia com a realização de um hemograma, a coleta de sangue em laboratórios. Para um diagnóstico final, a médica explica que é preciso ser feito um estudo da medula óssea, tecido líquido responsável pela produção dos componentes do sangue. “A partir da avaliação da medula óssea, é possível determinar o tipo de leucemia e os aspectos do câncer, assim como as características moleculares que influenciam na escolha do tratamento”, explica.
Segundo Dra. Júnia, a descoberta prematura colabora para o prognóstico da doença. “A identificação precoce desse câncer pode auxiliar no manejo adequado de complicações relacionadas, além de viabilizar o começo do tratamento em estágios mais iniciais, de modo a influenciar em uma resposta mais satisfatória”, afirma. A especialista ainda reitera que, apesar de o prognóstico ser influenciado diretamente pelas características das células leucêmicas, quanto antes ocorrer o diagnóstico e tratamento, maiores serão as chances de sobrevida do paciente.
Definição dos tipos de leucemia
De acordo com o INCA, esses são os tipos de leucemia que acometem a população:
- Leucemia linfoide aguda — é mais comumente observada em crianças e apresenta rápido desenvolvimento.
- Leucemia linfoide crônica — afeta principalmente indivíduos adultos, geralmente a partir dos 50 anos. Tem crescimento mais lento. Raramente ocorre em crianças.
- Leucemia mieloide aguda — é o tipo mais comum de leucemia em adultos e tem desenvolvimento muito rápido. Raramente ocorre em crianças. Na leucemia mieloide aguda, a medula óssea produz muitas células sanguíneas anormais que se acumulam pelo corpo.
- Leucemia mieloide crônica — caracteriza-se por uma produção excessiva de glóbulos brancos e por ter uma evolução lenta. Acomete, em geral, pessoas idosas.
O tratamento da leucemia
A hematologista explica que, no decorrer dos últimos anos, há cada vez mais opções de tratamento com maior direcionamento genético e menor intensidade de eventos adversos graves, mas reitera que, atualmente, o tratamento de leucemias agudas ainda envolve, obrigatoriamente, a realização de quimioterapia. Ela também destaca que o transplante de medula óssea tem uma importância na intenção de cura nesse tipo específico.
Nas leucemias crônicas, Dra. Júnia destaca que há uma variedade de opções terapêuticas de acordo com o subtipo da doença. “Alguns pacientes podem ter indicação de terapias orais específicas, outros podem precisar de quimioterapia”.
A doação de medula óssea
“Considerando que o transplante de medula óssea tem como objetivo a cura de diversos subtipos de leucemia aguda, a doação é um ato de altruísmo que pode salvar vidas”, destaca a hematologista.
Segundo a médica, o transplante de medula óssea é indicado para subtipos específicos de leucemias agudas, a depender do prognóstico determinado ou quando há uma ausência de resposta positiva em relação à primeira linha de tratamento. “A importância da doação e a facilidade da coleta e cadastro podem permitir que mais pacientes se beneficiem da maior possibilidade de doadores potenciais e maior chance de cura da doença”, realça.
“Sobre as campanhas no Fevereiro Laranja, essa forma de conscientização da população é essencial para que o diagnóstico seja realizado de maneira precoce e o paciente seja encaminhado rapidamente para um serviço referência em atendimento hematológico.”
Para se tornar um doador, basta realizar o cadastro no hemocentro de Belo Horizonte, a Fundação Hemominas, através de uma simples coleta de sangue.